O mar,
o mar imenso
em que de infante me revejo e penso,
é…
português:
foram os nossos arrojados navegantes
que pela primeira vez
em frágeis caravelas balouçantes
sulcaram seus abismos sem temer
o que pudesse acontecer!
O mar é nosso,
o mar universal,
o mar do Rei que, QUERO E POSSO,
mandou passar além do Adamastor
abrindo um corredor
para chegar por ele ao mundo oriental
com a tenção de incentivar a queda
dos ricos mercadores
autênticos senhores
da rota transislâmica da seda!
Mesmo que
algum do seu amargo sal
seja dos naturais de Portugal,
como se diz nos versos de Pessoa,
o mar, desde as águas mornas de Lisboa
à frigidez do continente austral,
foi obra do valor dos lusitanos
que, desmentindo Ulisses e as crendices
dos míticos fenícios e troianos,
micénicos e muitos outros povos,
como cartagineses, gregos e romanos,
por sua audácia acharam mundos novos
à voz de intemeratos capitães
sempre avançando mais
sob o impulso do Poder Real
que todo o mar queria… para Portugal.
Por isso o mar,
de lés a
lés,
dos grandes aos pequenos oceanos,
sobre eles mande agora quem mandar,
ingleses, russos ou americanos,
é nosso de raiz… é português!
João de Castro Nunes