sábado, 23 de junho de 2012


       Bagatela




                   Obra não é da construção civil
a Poesia,
que não se faz com telhas nem vitrais,
materiais
de natureza vil,
embora possam ter categoria:
faz-se de sons, ideias, sentimentos
que vêm à tona da alma nos momentos
em que por ela passa a inspiração.

A Poesia, que no fundo dói,
não se constrói,
como quem faz uma casota:
a Poesia… brota
como um vulcão!

Poesia não são versos
de géneros diversos:
é muito mais do que isso
ou diferente disso,
porque seguramente
é coisa de feitiço
que nos perturba a mente.

Poesia é por analogia
beethoveana sinfonia
rival da melodia
que rege o movimento das estrelas,
uma espécie de brisa
batendo nas janelas,
um brevíssimo trecho “Para Elisa”,
uma evasão
que não se explica,
mas se constata ou verifica
pela emoção
que nos envolve o coração.

Poesia, o que se chama Poesia,
é puro toque de magia
que nada sendo
                  mas tudo sob os astros abrangendo
nos extasia,
nos inebria!


João de Castro Nunes

1 comentário:

  1. Poema publicado na revista cultural "A Xanela", de Betanzos, na Galiza, nº 33, primavera de 2012. JCN

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