Confins imperiais
Ó estradas romanas da Galiza,
estradas de confins imperiais,
ao perpassar da brisa,
que som de bater de asas me evocais:
águias ao vento, de asas desdobradas,
em marchas triunfais, ao alto erguidas;
aguias à chuva, de asas derrubadas,
como expressão das legiões vencidas!
Mil vezes os meus pés vos percorreram
para estudar os vossos miliários,
alguns dos quais há muito se perderam
tornando incertos os itinerários.
Que pena que me dá ver-vos agora
quase sem pedras, que iletrada gente
aos poucos foi levando, a toda a hora,
para os seus lares…
abusivamente!
Estradas de confins imperiais,
esburacadas, quase ao abandono,
quem hoje vos percorre… não tem mais
a sensação de possuírem dono!
Irmãs gémeas do idioma
que foi a língua de Roma,
sinto em vós o mesmo aroma!
Importa, pois, que o Poder
olhos tenha para ver
como vos pode valer!...
Quem vos quiser visitar
terá que andar devagar
a fim de não tropeçar!
João de Castro
Nunes
Santiago de Compostela,
Abril de 1953.
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