TIREM-ME TUDO
O ladrão
deixou
a lua
na janela
Ryokan
Tirem-me
tudo
a própria liberdade
e a consideração
Tirem-me
tudo
e metam-me, se querem, na prisão
torturem-me da sorte mais atroz
cortem-me a voz
tornem-me mudo
destruam-me a audição
Tirem-me
tudo
menos a faculdade de pensar
e de poder amar
e ver a palidez da lua
por entre as grades da prisão
sem pôr os pés na rua
até fechar os olhos e morrer
Tirem-me
tudo
à excepção
do lídimo prazer
de me afirmar… como entender!
João de
Castro Nunes
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